Hoje acordámos tarde demais para o dia.
Tu descongelaste a lasanha que eu fiz na semana passada e puseste-a no forno, enquanto eu preguiçava mais um bocadinho. Descascaste as solitárias batatas que encontraste no armário - aposto que já tinham grelos - e fritaste-as douradinhas, como eu gosto, sem sal.
Água a acompanhar.
Ralhaste-me por roubar batatas da travessa. Fizeste aquela cara feia, que te faz ficar com um ar ainda mais bonito, e esperaste que, como sempre, te desobedecesse.
Não te defraudei.
Pus a mesa. Elogiámos o repasto.
Ouvimos, na tv, a Simone de Oliveira dizer que o medo se ultrapassa acreditando. E acreditámos.
No fim, trataste da loiça, enquanto eu decidia que todos os dias perfeitos deviam começar com um punhado de batatinhas cheias de óleo e uma lasanha insonsa da semana anterior, porque o teu sorriso faz mais do que um prato de arroz de tamboril.
tua.